Meditações Metafísicas
René Descartes
Sobre a Terceira
Meditação
Parágrafo 17
(Parte 1)
Rápido percurso pela Primeira e Segunda Meditações
Em seguida, passa, na Segunda Meditação, a
radicalizar a dúvida, abordando a questão do “eu” e da “subjetividade”.
Na busca de alguma certeza, ou na esperança de encontrar
pelo menos uma coisa certa e indubitável, ele não descarta também a
possibilidade de não encontrar nada de certo, mas pela instanciação da dúvida, supõe que tudo é falso (os sentidos e o
corpo) e questionando sobre a existência de algum “deus” e da possibilidade de
estar sendo enganado, conclui que se o enganador o engana, não há dúvida de que
ele existe. Todas as vezes que ele enuncia e concebe que “eu sou, eu existo”
percebe que esta proposição é necessariamente verdadeira. Chega aqui à primeira
certeza do método cartesiano: cogito,
ergo sum.
Mas, preocupado em não equivocar-se neste
conhecimento tido como certo, porque falta-lhe ainda clareza sobre este
conhecimento, volta a considerar a questão do ser, tentando desvencilhar-se do
conhecimento “natural” do ser, ligado à concepção escolástica, ficando só na
representação mental.
Aqui há uma abordagem de um tema metafísico (noção
da alma) e de um tema físico (corpo), mas ao repassar os atributos do corpo,
Descartes refuta-os em si, pelo rigor do método. Em seguida, repassa os
atributos da alma e conclui que o único atributo que lhe pertence é o
pensamento, única coisa que não pode ser separada de si. E chega, assim, à
segunda certeza do método: o homem é uma
coisa pensante.
Logo no início da Terceira Meditação, após uma breve
recapitulação, Descartes aborda a questão da existência de Deus, discriminando
os dados do problema e traçando os caminhos para o exame do valor objetivo das
ideias, cujo primeiro caminho é o senso comum e o segundo, o princípio da
causalidade e correspondência, que é o foco principal desse nosso estudo.
(continua na parte 2)
Nenhum comentário:
Postar um comentário