MATÉRIA E MEMÓRIA - Parte 2



MATÉRIA E MEMÓRIA
Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito
de Henri Bergson



Parte 2


Capítulo 1 – DA SELEÇÃO DAS IMAGENS PARA A REPRESENTAÇÃO. O PAPEL DO CORPO


(Continuação)


Para Bergson o cérebro tem um papel de central de comunicação neutra que não interfere na mensagem recebida e/ou emitida, apenas limitando-se a transmitir e repartir movimento, não cabendo-lhe, portanto, a função de criar representações.

Ao dizer que a percepção está impregnada de lembranças, o filósofo sugere que daí pode também surgir o problema das ilusões que podem alterar a realidade.

Ao fazer uma análise provisória daquilo que chama de “percepção pura”, Bergson elimina a memória para ir de encontro à matéria, na busca de uma resposta imediata para o problema da percepção consciente. Diz-nos que “uma imagem pode ser sem ser percebida”, “pode estar presente sem ser representada”, sugerindo nesta relação o intervalo entre a matéria e a percepção. Ação e reação, percepção não consciente que se estabelece.

A percepção é comparável ao raio de luz que, ao passar de um meio a outro, muda de direção.

O que Bergson nos diz e realça é que o cérebro não tem um papel de representação na percepção, mas que ele é um instrumento de ação. A lembrança pura, deve, portanto, ser uma representação de um objeto ausente.

Na percepção pura somos colocados fora de nós, tocando a realidade dos objetos com a intuição imediata. Aqui uma experimentação torna-se inútil, porque tanto a percepção intuitiva quanto a construção racional da realidade do objeto darão o mesmo resultado prático, restando ao trabalho da lembrança a solução do impasse.

Percebemos todo tempo na obra de Bergson a tentativa de estabelecer pontes para a compreensão do problema alma e corpo, interioridade e exterioridade, percepção e matéria ou espírito e matéria.

Essa constante dualidade nos mostra a possibilidade de uma aceitação de um mundo exterior pelo mundo interior, na perspectiva de que essa exterioridade se modifica constantemente, modificando também, nessa coexistência, a interioridade.

A percepção pura é o espírito sem memória, o grau mais baixo do espírito.

(continua...)





AS MIGALHAS DA PAZ



O caminho para a Paz implica num combate. Contra o ego.
E para que o combate se estabeleça é preciso reconhecer o alvo.

Eis o problema, porque você pode olhar o alvo, ver o alvo, observar o alvo, acenar e dialogar com ele, mas reconhecê-lo é tarefa da maturidade do espírito.

O reconhecimento implica na humildade e lá onde a hipocrisia habita, ela não sobrevive.

A humildade não respira na aparência, esta é cria da vaidade. E a vaidade luta para deixar a todos sub judice.

Uma vez que o reconhecimento é tão difícil, a Paz vive se alimentando de migalhas.

Para que a plenitude da Paz se estabeleça, é necessário a criação de uma “utopia da Paz”. Esta exigiria seres perfeitos, maduros, iluminados por uma luz tão forte que os impedisse de sucumbir ao ego.

Assim, temos à nossa frente “o caminho para a Paz” e a “plenitude da Paz”. O primeiro é árduo e penitente, exigindo diariamente esforço e luta contra si próprio. O segundo, desenha uma paisagem no Empíreo, inalcançável nesta jornada terrena, mas, possibilitando que se construa um sonho em torno dele, e quiçá, uma pequena porta de entrada para o seu esconderijo.

Jul Leardini
Embaixador da Paz pelo Cercle Universel des Ambasssadeurs de La Paix – Suisse-France

A BUSCA DA PAZ



A BUSCA DA PAZ



É difícil algum de nós querer falar da Paz. 

Eu mesmo, ao falar de Paz, me pergunto: eu estou em paz?

Mas a resposta é rápida: não! Infelizmente, não. 

Eu procuro, incansavelmente, a Paz. Pois para se falar da Paz, seria preciso viver em Paz ou viver a Paz, ou então, estar sinceramente em busca dela.

Mas quem, hoje em dia, vive em Paz ou vive a Paz? É raro o ser que possa dizer isto, talvez um lama tibetano, um papa, um eremita...

Não, provavelmente nenhum deles também  viva plenamente em Paz. Pois, para se viver em Paz, seria preciso a Paz no Mundo, a Paz Universal.

Enquanto um dos seres que aqui estão ainda sofre, por mais que compreendamos a lei de causa e efeito, ainda assim, nos sentiremos tristes e infelizes, porque um ser está sofrendo, por estar fora do eixo das leis universais.

Mas a Paz não é a ausência de conflitos, e sim, sabermos conviver com os conflitos. Mesmo estando no turbilhão de guerras, conflitos, dores, misérias e penúrias, ainda assim, estaremos em Paz não por egoísmo, não por individualismo, mas sim, por compreendermos o funcionamento das leis universais que tudo abrangem, que tudo regem e tudo determinam.

Sem dúvida, o maior problema que enfrentamos hoje é a aceitação do outro, a compreensão do mundo e da diversidade de opiniões, de ideologias, de religiões, dos pensamentos diversos que conflitam entre si.

Este mundo em que vivemos é uma grande estufa, onde co-existem diversos tipos de frutos humanos, com diversos graus de consciência, com diversidade de sintonias e vibrações e tudo isto forma um caleidoscópio de vivências que se entrechocam, na busca da auto afirmação, da compreensão e da consciência.

No meio desta estufa podemos encontrar frutos verdes, frutos semi-maduros, frutos maduros, mas infelizmente também, encontraremos muitos frutos apodrecidos, que podem pôr em risco muitos outros frutos desatentos.

No meio disto tudo, nós, seres pequenos e arrogantes, que queremos defender nossos pequenos pontos de vista, em meio à pressão da luz que a tudo coloca num ponto decisivo de resistência e contrapressão, para que consigamos chegar à plena  consciência ou ao apagar da pouca consciência que conseguimos acumular ao longo de séculos e séculos de peregrinação pelas materialidades.

Por isto é difícil estar aqui, é complicado entrar e ficar nesta luta terrível, mas necessitamos, é o caminho que temos que trilhar para a nossa evolução.

E a Paz é a meta superior, a qual alcançaremos quando sairmos deste turbilhão e não cairmos no funil da decomposição que está aberto, esperando os que desistem, os que não desenvolvem mais forcas para a grande batalha da existência consciente e elevada.


Jul Leardini


Professor de Filosofia e Embaixador da Paz pelo
Cercle Universel dês Ambassadeurs de La Paix – Suisse/France




A FILOSOFIA DA PAZ


Tradicionalmente, a Filosofia (do grego Φιλοσοφία, philosophia), literalmente consiste no «amor pela sabedoria». É o estudo das questões gerais e fundamentais relacionadas com a natureza da existência humana; do conhecimento; da verdade; dos valores morais e estéticos; da mente; da linguagem, bem como do universo em sua totalidade.

Por seu lado, a Paz, (do latim Pax) é geralmente definida como um estado de calma ou tranquilidade, uma ausência de perturbações e agitação. Derivada do latim Pacem = Absentia Belli, pode referir-se à ausência de violência ou guerra. Neste sentido, a paz entre nações e dentro delas, é o objetivo assumido de muitas organizações, designadamente a ONU.

Já a Filosofia da Paz é muito mais abrangente que uma ausência de guerra ou violência, no sentido comum. Para cultivar a paz é preciso um gerenciamento de si mesmo e um estado permanente de vigilância contra tudo aquilo que crie desarmonia e desequilíbrio no sistema universal da vida.

Por exemplo: se você faz um gesto de desprezo por alguém, está criando desarmonia, uma ironia descabida cria um ambiente de conflito, um pensamento ruim pode gerar desconforto, um xingamento no trânsito pode despertar sentimentos de raiva, uma palavra mal colocada pode gerar até embates físicos; por outro lado, a desconfiança sobre uma pessoa que você mal conhece pode desencadear sofrimentos, assim como o julgamento precipitado sobre determinado ser humano, seja moral, ético, político, social, etc,  pode levar a um sofrimento sem fim, tanto para o apontado como para seus familiares e entes próximos.

Portanto, para se falar em Paz, é preciso ter em mente um mundo mais amplo de ligações, coligações e inter relacões, preocupando-se com a limpeza de nossos sentimentos, pensamentos, palavras e ações, pois a trama da vida não é simplória, ela convida o ser humano a se “conectar”, para o bem da vida, para o bem do ecossistema, para o bem de todos e para a grande transformação universal, que se faz emergente.


Jul Leardini
Professor de Filosofia e Embaixador da Paz pelo
Cercle Universel dês Ambassadeurs de La Paix – Suisse/France

CHAMADA PARA A GUERRA




CHAMADA PARA A GUERRA


Se você se coloca no campo de guerra e incita o inimigo, o que você pode esperar? Que o inimigo ataque, é claro. E neste caso, a batalha terá início.

Quem vencerá? Não sei e nem quero saber. O fato é que vamos acompanhar uma batalha acirrada de interesses particulares. Podemos escolher do lado de quem queremos ficar e até entramos na batalha, para defender nosso “general” ou “capitão”.

Mas também podemos não querer entrar em guerras particulares. Tudo depende do ponto de vista de cada um. Alguns acham que é necessário ficar de lado de alguém. Mas isso é uma questão particular, de foro íntimo. Entra na guerra quem acredita na causa. Se a causa for obtusa e não condizer com a visão particular, a pessoa não entra na guerra.

Neste caso, é preferível que os dois grupos se combatam até que resolvam suas questões e interesses particulares.

O problema é que isto afetará todo o conjunto da sociedade. Portanto, abaixo os interesses pessoais e viva o Bem Coletivo!

CRÍTICA LITERÁRIA - "PEQUENO PERFIL CURITIBANO"


CRÍTICA LITERÁRIA - "PEQUENO PERFIL CURITIBANO"

ESPECIAL JUL LEARDINI

(“...poderia me dar a honra desta contradança? – Perguntou o poeta para a linda moça de tez branca e suave. / Por que haveria de fazê-lo – respondeu ela. / Porque sou poeta: não vale?).
Entre o vácuo, a substância e a catarse

(*) Mhario Lincoln


Não há nenhum vácuo nas memórias de Jul Leardini. Se tivesse eu que titular o livro que ora leio, o faria de forma diferente. Não apenas um perfil curitibano, mas, muito mais. Um perfil intrínseco à substância e à catarse. Uma catarse, sem dúvida.

Jul é aquela pessoa que mostra o peito, arregaça a manga e se doa inteiramente a uma causa. Nas linhas que envolvem “Pequeno Perfil Curitibano”, essas, traduzem parte (ou seu todo, quem vai saber) da convivência dele com personagens de seu próprio cotidiano. Curitiba entra aí como um grande pano de fundo, como um cenário onde as coisas acontecem.
Nesse perfil, Curitiba não é mais aquela garota infantil, carinhosamente deflorada por europeus da cortina de ferro. A Curitiba de Jul é mais fática, fatídica, não mais frágil como d'antes.

Jul consegue vivenciar a Curitiba de um inverno que não mais inverna tanto, de um verão que não mais veraneia tanto, de tempestades, que não mais com tantos relâmpagos – “(...) chego na Galeria Tijucas, quando a tempestade resolve assustar os curitibanos. Os relâmpagos rasgam o céu negro e os ribombares sacodem os prédios(...)”.

Mas, em todos os relatos, em pequenas crônicas, onde há gente, há urbe, há fauna, há flora, há espaço e tempo, tudo ligado diretamente à cidade-cenário, há também traços evidentes de um lirismo, de uma psique de extrema ganância íntima em sempre se interligar ao conteúdo físico, mas exuberante, da cidade e seus personagens.

A ambientação urbana da história concede aos textos, algo, à princípio, bairrista, mas no fundo, fatos bem superiores a uma interpretação simplesmente material ou diagnóstica de terra, pedra, cimento, inverno ou verão.
Há em meio a tudo isso, cuja cidade embrulha, algo de gente, algo de pessoa, onde o autor e seus personagens, em igualdade de condições, às vezes, rasgam dilemas interiores, conflitos e vicissitudes.

Há cheiro no ar de filosofia, além das rosas dos parques. Há cheiro nessas páginas de um René Descartes, “...enquanto assim queria pensar que tudo era falso, eu, que assim o pensava, necessariamente era alguma coisa. (RD)”. 

Portanto, há cheiro de certa solidão descarteana: “(...) logo estarei descendo pela rua Ébano Pereira, aliviado por tudo haver terminado novamente, até chegar à rua das Flores, onde, mergulhado neuroticamente no seu mar de gente, poderei esquecer que existo, finalmente(...)”.
Há intenso cheiro de suspeitas. O autor e seus personagens, personagens e autor; uma parte autor, outra, personagem; uma parte a inevitável conclusão empírica, outra, a desfalência de John Locke. O simples e geométrico viés literário, somado a experiência da observação, fatores vibratórios na alma do autor. 

Eis Jul Leardini, autor e ator, do jeito que ele o é, de verdade. Há cheiro explícito do escrever para exaurir sua vontade de aumentar seus monólogos nos palcos da vida.

Claro e evidente, indiscutível, que as linhas, frases e parágrafos desta obra vêm da experiência, portanto, dos sentidos, o que para mim, soa como uma noção cartesiana de sujeito, sim, como (substância), apesar de Locke.

Essa substância é intrínseca ao sofrimento, ao relato, ao contato, à esperança, à desilusão, ao bairrismo, este, usado para promover a dinâmica, mobilizando energias telúricas em prol de todos, bem como ser a sua real manifestação político-cultural. E mais, puro lirismo, até: (“poderia me dar a honra desta contradança? – Perguntou o poeta para a linda moça de tez branca e suave. / Por que haveria de fazê-lo – respondeu ela. / Porque sou poeta: não vale?).

Todos os personagens e autor fazem suas catarses. E isso é (substância). Neste caso, substância aristotélica, a que se refere aos universos abstraídos dos indivíduos, referências mediadas pelo pensamento e pelo raciocínio do autor.

A existência desta obra – “Pequeno Perfil Curitibano” - dá a Jul Leardini dependência direta dos indivíduos, transformados em personagens. A essência se mistura e se prolonga como um apêndice bem definido. Nesse pequeno livro de 100 páginas, Jul, enfim, conseguiu mobilizar sua experiência como indivíduo e transmiti-la, com detalhes sutis, a cada um de seus personagens, sem esquecer os fundamentos básicos de uma novela da vida: amor, perda, compaixão, ódio e loucura. 

Parabéns, mestre!

(*) Mhario Lincoln
Presidente da Academia Poética Brasileira
www.academiapoeticabrasileira.com.br

CRÔNICA 1 - O MUNDO É UMA ESTUFA








CRÔNICA 1 – O MUNDO É UMA ESTUFA

A passagem por este plano é rápida. Quando percebemos, já é hora da partida.
Nosso mundo é uma estufa, onde convive todo tipo de fruta, em todos os estados: fruta madura, fruta verde, fruta podre em decomposição.
Estamos numa escola, para subirmos os degraus da evolução. Uns vão, seguem adiante, outros ficam e vão prolongando suas estadias ou encerrando seu ciclo.
Cada um é livre para decidir o que quer. Mas toda opção está ligada a um efeito, que vai se multiplicando, facilitando a nossa caminhada, ou transformando o nosso caminho num espinheiral cada vez mais intransponível.

A PAZ DE CADA UM


A PAZ DE CADA UM

Cada um vive a Paz de sua maneira.

Alguns acreditam que para se conseguir a Paz é preciso viver atacando e guerreando, não somente a guerra dos campos de batalha, mas a guerra da destruição da honra alheia, a guerra do julgamento moral do próximo, das condenações dos seus semelhantes aos ouvidos alheios, do falso testemunho, da divulgação de notícias falsas, da perseguição e do assassinato moral.

Outros praticam a guerra da traição, da denúncia infundada, da superficialidade em comentar sobre coisas que realmente não sabem e que não têm provas pessoais, mas não deixam de frequentar igrejas e se denominarem como "cristãos".

Mas muitos seres humanos preferem atuar pela Paz buscando o equilíbrio, semeando notícias do Bem, usando da parcimônia e do cuidado ao dar opiniões, não fazendo julgamentos apressados, levando reflexões caridosas e cristãs sobre todos os seus semelhantes.

Mesmo vivendo numa era caótica, não perdem de vista que todos os seres humanos são fracos e sujeitos a erros e maldades, intencionais ou não. Afinal, não se julgam juízes de ninguém.

E você, como atua a favor da Paz?

* Jul Leardini é Embaixador da Paz pelo Cercle Universel des Ambassadeurs de la Paix - France-Suisse, desde 2015.


ELOGIO À DÚVIDA (1)





ELOGIO À DUVIDA (1)


Amigos, eu luto por ser imparcial. Não defendo nada e ninguém por não saber sobre as verdades do mundo comprometido em que vivemos. Não sou vidente, não sou onisciente, sou apenas um humano que, na minha pequenez, quer o bem do país e a Paz no mundo. Não tenho partido político, não defendo ninguém, nem a mim mesmo. É preciso deixar que a Verdade apareça e que a limpeza se processe. Minha vontade não tem importância nenhuma, minhas opiniões e meu desejo de influenciar as pessoas não existe. São apenas meras cogitações de quem acompanha as contradições do mundo em que vivemos e do jogo de interesses pessoais. Não sei quem é culpado e quem é inocente, deixo à Justiça e a quem desejar o julgamento de fatos e de pessoas. Tenho minhas impressões, minhas intuições, mas isto reservo para mim, porque acredito que acusar ou defender quem quer que seja fica para aquele que tem plena certeza do que está dizendo e que está consciente das implicações espirituais de tudo isto.  Num mundo onde a maldade domina, como saber quem está querendo difamar o outro, destruir o outro, caluniar, etc. Vemos até os que se dizem “cristãos” incentivando a violência, a mentira, e descumprindo aqueles preciosos 10 Mandamentos que eles mesmos dizem acreditar. Eu sei em quem votei, em quem não votei e também no que eu acredito e no que eu acreditava e nada mudou. Felizes os que têm certezas absolutas. Eu não sou um destes. Gostaria de tê-las. Parabenizo aos que “sabem de tudo”. Um dia, quem sabe, chegarei lá.

CONVENIÊNCIA




CONVENIÊNCIA

Conveniência, esta é a palavra que define o quadro político do Brasil.

Nada mudou. Tudo permanece igual como sempre tem sido.

Mas, o importante é manter uma aparência de “novo”, justamente para manter as conveniências ativas.

Manter privilégios corporativos, pessoais e familiares. Manter vantagens. Manter empregos e altos salários. Manter canais abertos para cargos e poder.

Manter aparências para acobertar atos escusos, esconder a imoralidade e falta de ética no uso da máquina pública.

Manter a aparência de “homem de bem”, para ludibriar os incautos e ingênuos que acreditam em Papai Noel e coisas do tipo.

Manter a aparência de “cristão” para obter apoio das massas ignorantes e preguiçosas, que se deixam levar por falsos religiosos que enriquecem e aumentam o poder de comunicação e persuasão dos rebanhos de falsos cristãos que sequer sabem ler e interpretar seu “livro sagrado”, que aliás, prega o contrário do que eles e seus mentores apregoam.

Manter a comparação com dirigentes anteriores - que também estavam no caminho errado – para demonstrar que estamos melhor que eles, narcotizando assim a mentalidade medíocre do cidadão sem capacidade de análise crítica.

E assim caminha a humanidade nesta Terra Brasilis.

MATÉRIA E MEMÓRIA



Ensaio sobre a relação do corpo com o espírito, de Henri Bergson


Capítulo 1 – DA SELEÇÃO DAS IMAGENS PARA A REPRESENTAÇÃO. O PAPEL DO CORPO

Bergson trabalha, a meu ver, dentro dos moldes do método cartesiano, por abstração. Só que ao invés de realizar a abstração dos dados sensíveis, procura abstrair-se das teorias da matéria e das teorias do espírito, da realidade e da idealidade, deixando em sua presença apenas as imagens, mesmo que ainda vagas, percebidas pelos sentidos quando estão abertos. Ou seja, ele não elimina os dados sensíveis, pelo contrário, coloca-os em estado de alerta.
Percebe que todas as imagens agem e reagem umas sobre as outras e que o  corpo fornece imagens particulares e novas.
Passa em seguida a observar as outras pessoas e vê que seus corpos são movimentados por estímulos transmitidos aos centros nervosos. Donde conclui que o mundo material é amplo e que contém em si muita coisa, inclusive o cérebro. Ele diz que o cérebro é uma parte da imagem e não o criador da imagem. Donde percebe que, se desaparecessem o cérebro e o seu estímulo, muita pouca coisa se alteraria no quadro do mundo. Mas Bergson não entra aqui na consideração cartesiana do “deus enganador” e da possibilidade de estarmos sendo “enganados pelos sentidos”. Apenas considera que o mundo continuaria existindo, mesmo sem o cérebro e seus estímulos.
Voltando ao cérebro, ele percebe que este reage às imagens do mundo exterior recebendo e transmitindo movimento, como se fosse um centro de ação, desprovido da capacidade de criar uma representação. “Os objetos que cercam o meu corpo refletem a ação possível de meu corpo sobre eles.”
Agora Bergson sugere uma cirurgia que corte alguns feixes de fibras de um sistema cerebral e afirma que o mundo permaneceria inalterado com aquela ação e mesmo o resto daquele próprio corpo que sofreu a cirurgia. Apenas o que mudaria seria a percepção daquele ser em relação a matéria, ou seja, a capacidade do cérebro em reagir ao conjunto das imagens e a percepção da matéria a essas imagens.
Considera que a percepção é função desses movimentos moleculares, que ela depende deles e que, portanto, esta percepção é constantemente alterada.
Passa em seguida a considerar as imagens particulares e a representação delas, buscando refletir sobre a sua co-existência em dois sistemas diferentes.
Rebate em seguida o postulado de que “a percepção tem um interesse inteiramente especulativo: ela é conhecimento puro”, colocando que o exame da estrutura do sistema nervoso desmente essa teoria.

(Parte 1) - continua...